domingo, 25 de abril de 2010

Porque se crê em Deus





As pessoas acham que Deus existe porque esta história é contada para elas desde a infância e não é desmentida, como a de Papai Noel. E por que não é desmentida? Porque atende a um anseio humano de encontrar explicações do inexplicável. De obter consolo para o desalento. De ter esperança de que um dia, mesmo que seja em outra vida, se alcance a justiça e a felicidade. Isto tudo é muito forte e o abandono da crença em Deus, se a pessoa não for suficientemente segura, pode levar a uma grande depressão. Então a pessoa se aferra a esta noção, mesmo que ela seja abalada por fortes evidências em sentido contrário. Além disso, a existência de Deus é explorada pelas instituições religiosas, que são um meio de vida para muita gente. Decretar a extinção dessa crença é promover a falência de muitos, que, assim, mesmo que considerem, em seu íntimo, que Deus não exista, continuam externando que sim, para sobreviver. E induzem a população a prosseguir na fé, por meio de ameaças de danação eterna ou, o que é mais imediato, de segregação social, ou, até, em certos países, de condenação à morte. Além disso, promovem a ocultação das evidências em sentido contrário, por uma bem urdida propaganda enganosa.
Outra razão é ligada à manutenção do poder e do "status-quo" de seus detentores por razão econômica, militar ou religiosa. O esclarecimento da população sobre a inexistência de Deus ameaça sua situação privilegiada, muitas vezes justificada por uma origem divina.
É preciso notar, porém, que muitos podem fazê-lo de forma bem intencionada, pois estão firmemente convencidos da existência de Deus e, parece, obliterados mentalmente a aceitar argumentos em sentido contrário. Ou então nunca foram expostos a esses argumentos. Trata-se de uma boa fé calcada na ignorância. Teístas não são necessariamente burros, mas, certamente, se não o forem, não estão suficientemente informados da realidade científica ou, então, agem mesmo de má fé.
É curioso como a humanidade sempre precisou da crença em algum mito para sustentar seus valores. Todavia, a civilização consiste, justamente, em dotar toda a população de um nível cultural e moral suficientemente elevado, por meio da disseminação da educação, que lhe permita prescindir de mitos para ter uma conduta social inteiramente ética e promover a prosperidade, a harmonia, a justiça e a fraternidade entre os povos e dentro das sociedades. E, tembém, encontrar um significado pessoal para a vida sem referências extrínsecas a ela mesma. Pois a constatção de inexistência de Deus e da vida eterna é uma alavanca libertadora e promotora de uma grande paz e felicidade íntima, paralelamente à aceitação de uma responsabilidade muito maior pelo prevalecimento do bem e pela erradicação do mal.

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