domingo, 18 de março de 2018

Ernesto, qual é a explicação da neurociência para o fato de que estudar é um sofrimento para a maioria dos cérebros? Isso acontece mesmo com a pessoa muito interessada e deslumbrada pelo conhecimento, caso o seu cérebro seja comum. Me parece ser algo com nosso hardware mesmo.

É uma cadeia de consequências. O gosto e o prazer pelo estudo vem do fato de que, mesmo antes de entrar para a educação infantil, os cuidadores despertam na criança o gosto pelo aprendizado de muitas habilidades, do enfrentamento de muitos desafios. Com isso a criança vai adquirindo facilidade e se compraz com isso, especialmente se a família expressa satisfação em ver que ela assim procede. Esse estímulo vai criando o gosto pelo estudo, porque se aprende com facilidade e isso vai levando a querer aprender cada vez mais e quanto mais se aprende mais fácil fica de se aprender mais ainda, pela vida afora. Claro que isso advém de uma potencialidade genética, mas, em geral, todo bebê tem uma grande potencialidade de conexões neuronais que vão sendo desfeitas por desuso e, depois, são mais custosas para se refazerem. Por evitar isso, o essencial é que, logo no início da vida, com meses de idade ainda, sempre se apresentem ao recém-nascido muitos estímulos visuais, auditivos, táteis, olfativos, gustativos, desde que não seja muito intensos e prolongados, mas sempre variados. Jamais deixar o bebê em um berço com paredes opacas só olhando para o teto. Jamais levar o bebê à rua naquela mochila com a face virada para o pescoço do pai ou da mãe. Jamais deixar a criança usar o famigerado "andador" e nem restringir o espaço para ela engatinhar, exceto onde for perigoso (cozinha, banheiro, escadas). Tirar tudo o que for fator de risco de seu alcance e deixar que a criança explore a casa toda. O bom é que a mãe e o pai trabalhem em turnos desencontrados, para estar sempre presentes. Depois, na educação infantil, os professores têm que ser muito bem formados para saber desenvolver e estimular a inteligência da criançada. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, é preciso fazer da matemática, da linguagem e das ciências uma coisa extremamente (eu disse EXTREMAMENTE) atrativa e lúdica, para que peguem o gosto pela matemática e por falar corretamente. E que se desperte e desenvolva uma IMENSA curiosidade para querer saber tudo a respeito de tudo. Ser chato mesmo. Perguntar "por que?" a todo momento. E os cuidadores e professores estarem sempre dispostos a responder, sem ficarem entediados e sem dar respostas evasivas. Assim é que se criam as crianças. Desse modo elas terão no estudo uma imensa fonte de prazer e o buscarão, mesmo quando não for pedido ou exigido. Felizmente meus pais foram pessoas assim.

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